Ponto de Vista sobre matéria: VEJA: edição 2076 ano 41 no. 35 (3 de setembro de 2008)
http://veja.abril.com.br/030908/p_130.shtml
Arte: VOLTA AO MUNDO EM CORES
Por Katia Vello
Ainda em tempos pós-Olimpíadas, nos vemos às voltas, discutindo sobre a epopéia em conquistar um medalha de ouro e, principalmente, seus dissabores (como descreve na mesma edição de VEJA, Lya Luft: O que valem as medalhas?) O mesmo ocorre nas artes; infelizmente não com o mesmo destaque, muito menos, alarde. A arte é vista na espreita da desconfiança e com sentimento de descartável. Portanto, quando li sobre a artista plástica Beatriz Milhazes: Volta ao Mundo em Cores, onde se destaca que este é um ano de ouro para ela, decidi escrever – uma forma simbólica de colocar-lhe uma coroa de louros.
Levanto a bandeira da tríade: Educação/Esporte/Cultura como instrumento efetivo para uma sociedade mais justa, saudável e ética e, em nosso país, com raríssimas exceções e, ainda, no esporte, a arte é tida como um adorno ou fetiche para poucos. Beatriz Milhazes é mais um exemplo de talento que é valorizado no exterior, haja vista seu roteiro atual: Nova York, Londres, Tóquio. No momento, lançam-se luzes sobre ela devido a sua exposição na Pinacoteca e, recentemente, o leilão da Sotheby`s onde a sua obra O Mágico (2001) atingiu a cifra de 1 milhão de dólares.
No entanto, ainda há um gosto de rancor por grande parte de artistas e críticos que buscam minimizar a sua arte devido a fácil sedução.
Atualmente parece haver uma sentença para os artistas, mesmo para os contemporâneos, que buscam o belo. Quem declarou que a arte tenha que ser dura, difícil ou distante? As obras de Beatriz Milhazes consistem em cores fortes e vivas, com motivos florais e arabescos numa viagem quase psicodélica, feitos através de uma combinação inusitada de curvas, caracóis, flores e rococós.
Como nos descreveu o mestre e icentivador do olhar, Leonardo da Vinci, sobre o pintor que ele pode criar coisas monstruosas, aterrorizantes, ou apalhaçadas ou risíveis e até de causar pena, pois ele é senhor e deus delas (BOORSTIN, 1995, p.505). Ouso-me a incluir nesta lista, talvez como uma sutil vingança (matéria de capa desta edição de Veja), coisas doces (como as embalagens do seu ateliê) onde transbordam alegria e feminilidade.
BOORSTIN, Daniel, J. Os criadores: uma história da criatividade humana. Trad. De José J. Veiga. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.
Posted by Vidal